Sempre
que me deparo com uma paranoia politicamente correta escrevo para o Instituto
Liberal, tanto que meu amigo Antônio Pinho costuma brincar que estou fazendo
uma coleção de demências politicamente corretas. Algumas vezes, no entanto,
leio comentários alegando ser desnecessário falar sobre o assunto. Para algumas
pessoas, tal iniciativa serviria para “fazer eco” a essas maluquices, o que
seria, portanto, colaborar com a sua propagação. Eu discordo. Aliás, penso que
propagá-las pode ser até mesmo benéfico, ou seja, o ato de discuti-las
publicamente pode ser comparado a uma campanha de prevenção na tentativa de
restringir seu contágio. Por isso decidi escrever o presente texto, para tentar
demonstrar que discutir essas paranoias é importante, afinal, é exatamente por
serem paranoias que elas devem ser tratadas antes que o quadro se agrave.
Existem
várias razões pelas quais julgo ser indispensável abordar as demências
politicamente corretas. Dentre elas considero que é fundamental que os pais se
mantenham atualizados a respeito das novas ideologias que possam ser pregadas
para seus filhos na escola. Como nem sempre o devaneio politicamente correto
chega tão rapidamente à grande parte da população, quanto mais o debatermos,
melhor - importa sublinhar que quando os vírus ideológicos saem na grande mídia
é porque já estavam sendo criadas em laboratório há muito tempo – nas
universidades, por exemplo. Metaforicamente falando, quando surgem os sintomas
mais fortes é porque a doença já está em estado avançado.
Além
disto, acredito que quanto mais os estudantes souberem a respeito das
paranoias, mais preparados estarão para contrapor aquilo que boa parte dos
professores – que podem ser considerados proliferadores da doença - defende em
sala de aula. Tais debates – muitas vezes ricamente produzidos nos comentários
dos textos – aperfeiçoam a capacidade de argumentação de cada um dos
envolvidos, o que pode refrear a contaminação entre os menos informados.
Todas
essas discussões, acrescido ao fato de nos manterem atualizados a respeito das
mais variadas maluquices teóricas, nos dão ainda mais noção daquilo que se
produz em “pesquisas” invariavelmente empreendidas com dinheiro público. De
outro modo, como somos obrigados a pagar por pesquisas militantes, é relevante
termos consciência das moléstias que estamos financiando obrigatoriamente,
afinal, em algum momento sentiremos seus efeitos colaterais, sendo que um deles
é a intoxicação por excesso de ideologia.
Outra
questão interessante: ao se depararem com alguma paranoia politicamente correta,
alguns leitores, não sem razão, as confundem com boatos, de tão bizarras que
são. Desse modo, além de promover o debate, penso que, devido ao fato de
pesquisarmos prudentemente antes de publicarmos e discutirmos novas políticas e
ideologias, por aqui os leitores podem ter um diagnóstico confiável a respeito
dos efeitos e da propagação desta peste contemporânea.
Não
restam dúvidas de que falar nesta doença pode se tornar repugnante. Ninguém em
sã consciência pode achar normal o fato de que chamar grávidas de “mãe”, por exemplo, pode ser ofensivo. Muitas vezes esses
assuntos embrulham o estômago e causam inflamações sérias na sanidade de muita
gente. Mesmo assim não creio que abordar todos esses delírios seja colaborar
indiretamente para sua propagação, mesmo porque a doença já está sendo
espalhada de qualquer maneira. Por isso é pertinente termos consciência de cada
uma das paranoias, para que essas alucinações teóricas, esses tumores
ideológicos, não se espalhem tão rapidamente pelo corpo social antes de serem
diagnosticadas. Resta contê-las.
Em
função disso suponho que explorar todas essas patologias não é só importante,
como é fundamental, especialmente porque é através de tais iniciativas que
conseguimos melhor enxergar a que ponto chegou o tumor politicamente correto e
quais regiões já estão comprometidas por ele. Digo mais: é ainda mais
imprescindível que esses desatinos da nova esquerda sejam conhecidos por
aqueles que discordam dela e do seu culto ao relativismo. O vírus do
relativismo se espalha cada vez mais rápido e é necessário contê-lo o quanto
antes. Do contrário o corpo civilizacional ficará completamente comprometido e
só nos restará enterrá-lo lamentando sua partida.
Quanto
mais analisarmos os sintomas do câncer político, mais oportunidades teremos de
curá-lo. Ou será melhor tomar conhecimento das novas ideologias relativistas
quando seu filho menino pedir para usar sutiã porque o professor disse que
gênero não passa de uma “construção social”? Em outras palavras, quanto mais
rápidos forem diagnosticados os novos vírus politicamente corretos, mais
facilmente poderemos tratá-los, mais chances teremos para combater sua
transmissão.
Por
fim, também creio que examinar todas essas paranoias politicamente corretas
seja importante porque as análises e críticas feitas por aqui jamais serão
feitas pela grande mídia. Ao contrário, é geralmente na grande mídia que o
tumor politicamente correto encontra terreno fértil para o seu crescimento. Mas
aqui na nossa clínica é diferente. Aqui o politicamente correto é tratado como
deve ser, como doença, e não como cura.
Publicado originalmente no Instituto Liberal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário